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Mapeando e conectando ideias



Essa parte é bem simples, você já tem as ideias e mapeá-las será traçar alguma ligação entre todas elas. Supondo que você tenha a quantidade de personagens, os lugares iniciais, o tema central e até mesmo alguns temas menores então o que você fará é ligar os pontos; vai dizer para si mesmo o que cada personagem começa fazendo? E, ou, onde? E, ou, como?  E, ou, quando? E, ou, por quê? Pode estar parecendo complicado agora, mas logo vai ficar tudo muito claro.
Caso você ainda não tenha informações como essas, reflita um pouco no que sua história sugere, apenas inicialmente, porque é bem possível que algumas coisas mudem durante o transcorrer do relato.
Essa é apenas uma ideia tênue do que será esse trabalho porque tudo vai depender exclusivamente do que você garimpou enquanto rascunhava; quanto mais linear for a sua trama, obviamente será mais fácil fazer essas conexões, e quanto menos linear for o relato mais conexões você terá de criar.
Procure dar um princípio, que não precisa ser necessariamente “o princípio”, defina um ponto de partida, um "marco zero"; algum evento ou fato que seja muito bem visível para você e a partir do qual seja fácil de agregar outros fatos, acontecimentos, eventos e ou personagens. Quero frisar que cada história, cada relato, terá suas particularidades que somente você, autor, poderá analisar e por esse motivo só a sua visão vai ser capaz de fazer as conexões e ligações de forma apropriada, ainda que para o leitor, num primeiro momento isso não fique claro.
Para ilustrar melhor o que estou dizendo vou citar um exemplo. Quando eu estava concebendo todo o conceito inicial do meu livro Érebus, defini como ponto de partida um acontecimento que ocorria em um parque de diversões, e fiz isso porque tal acontecimento e o ponto de encontro entre as vidas de todos os personagens que estão na trama, porém, este não era o início do livro; o relato inicial do livro acontece em uma casa com apenas um daqueles personagens. Isso é apenas para mostrar que o conceito inicial pode não ser aquele que estará no capítulo um, mas ele deve estar claro para você desde o princípio do trabalho.

No caso de um romance há duas formas básicas de se fazer mapeamento de ideias; a primeira delas é:

1: Pré-mapeamento.

Você escreve absolutamente tudo o que conseguir sobre sua ideia original e a partir disso trata cada tema de uma forma individual, como se o estivesse construindo.
Exemplo:
Suponhamos que você imaginou que seu primeiro capítulo vai se desenvolver num cenário sombrio. Então você vai literalmente mapear esse lugar; escreva tudo o que ele tem; como sua mente o vê, é uma rua? Um cemitério? Uma boate? Uma faculdade?
Diga o que há nele:
Caso seja uma rua; há carros nela? É de asfalto, barro ou paralelepípedos? Possui muitas casas ou poucas casas? Como são estas casas? E assim por diante. Procure tratar cada tema individualmente seja cenário, sejam personagens. Isso é trabalhoso, mas vai facilitar na etapa de criação dos mesmos.
Por fim você vai ter uma visão muito mais clara de como suas ideias vão interagir e isso facilitará a forma como você vai trabalhar suas informações.
E qual o motivo de tudo isso? Você deve estar se perguntando.
Essa é uma das ferramentas que um escritor dispõe para prever, minimizar e até mesmo impedir que aconteçam “gargalos” e “Nós” em sua história. Vou abordar o tema Nó mais pra frente em outro texto, mas por agora digo que eles são os momentos em que a trama se enrola de tal forma que o autor se perde e leva muito tempo para conseguir retomar a escrita, e isso quando retoma.
Explore a si mesmo e a sua história, veja o que ela lhe dá de informação, anote os rascunhos e faça as ligações; personagens com personagens ou com cenários ou com motivos etc...
A segunda forma de mapear e conectar as ideias que vou destacar aqui é:

2: Pós-mapeamento

O que vem a ser isso? 

Ora, é bem simples; você reúne e anota suas ideias centrais e conecta apenas aquilo que é extremamente necessário; essa informação cada autor sabe; a partir disso você vai simplesmente escrever deixando fluir a história, ou seja, as ligações secundárias dos personagens entre eles, ou com cenários, ou com motivações, ou com o que for, vão surgindo naturalmente e, só então, você os anota ou destaca separadamente para que no futuro, no meio ou no final da história, caso seja preciso fazer correções em alguma informação que você já deu, seja possível mudar algo ou introduzir uma informação extra na trama sem desestabilizar o relato todo. Isso funciona para que você saiba exatamente onde a informação está ou onde vai entrar e que desdobramentos terá no curso futuro da narrativa. Mas essa é uma forma que pode se mostrar como que “escrever no escuro”, tudo vai depender de como as coisas estão dentro de sua cabeça.
É claro também que você pode mesclar as duas maneiras de trabalhar, quem sabe para alguns personagens usando a primeira forma e para outros a segunda; ou uma para lugares e outra para motivações. Use a imaginação.
Toda a interligação das ideias que forem feitas nesta etapa vão, sem sombra de dúvidas, ser úteis para um planejamento mais detalhado da trama, mesmo que você já tenha algo em mente, vai descobrir que colhendo informações dessa forma fatalmente seu leque de possibilidades vai aumentar consideravelmente e será até possível você criar pequenas tramas dentro da grande narrativa, contribuindo assim para tornar seu livro em algo muito mais denso e consistente.

Devo avisar, porém, que eu prefiro utilizar a primeira forma, pois o pós-mapeamento pode se mostrar um tanto complicado para autores iniciantes com as mentes repletas de ideias.

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